Fibromialgia
Tratamentos | 23/01/2023
Definição
Defeito neuroquímico ocasionando dor difusa em músculos e tecidos moles, que acomete aproximadamente 5% da população, principalmente mulheres, com idade média de início entre os 25-35 anos.
Causa
A ideia de que a fibromialgia era uma doença psicológica já caiu por terra há anos. Estudos científicos realizados em humanos e em animais identificaram que de fato esses pacientes apresentam alterações da quantidade e funcionalidade de receptores e neurotransmissores do sistema nervoso, resultando em uma transmissão dolorosa aberrante e também em uma deficiência da via analgesica natural presente no organismos dos seres vivos.
Como grande parte dos receptores e neurotransmissores da dor são os mesmos presentes no nosso centro cerebral de prazer e recompensa (como noradrenalina, serotonina, dopamina, opidoide, endocanabinoide, entre outros), entende-se porque pacientes com dor abrem quadros de distúrbios de ansiedade e depressão. Assim como entende-se porque pacientes com distúrbios, ou em situações, de ansiedade e depressão sentem mais dor.
Logo, por isso é muito comum observarmos um padrão típico comportamental nos pacientes fibromiálgicos de ansiedade, tristeza, falta de energia e de motivação, baixo interesse em sociabilidade, distúrbio do sono, entre outros.
Toda essa hiper transmissibilidade dolorosa mantem o organismo do paciente em continuo estado de estresse fisico (além de mental, claro), com liberação continua de inúmeras substâncias pró-inflamatórias. Por isso podemos dizer vulgarmente que o paciente fibromiálgico é “um paciente inflamado”, resultando em distúrbios gastrointestinais, genitourinários, maior propensão a processos alérgicos e doenças auto imunes.
Sintomas
Dor muscular generalizada, rigidez matinal, fraqueza muscular, fadiga crônica, câimbras.
Sono não reparador, ansiedade, depressão, nervosismo, dificuldade de concentração e de memorização, síndrome das pernas inquietas.
Hipersensibilidade cutânea como intolerância ao calor e ao frio, sensibilidade ao sol, erupções cutâneas.
Redução da capacidade funcional, diminuição do alongamento muscular e da capacidade aeróbica.
Distúrbios gastrointestinais e genitourinários.
Fatores agravantes: estresse emocional, estresse físico como ficar doente, trauma, atividade física excessiva, postura inadequada ou longos períodos na mesma posição, ambiente muito barulhento, alteração de temperatura e umidade.
Fatores de melhora: ambiente seco, banho quente, atividade física moderada constantemente, alongamento, técnicas de relaxamento, massagem.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, após exclusão dos diagnósticos diferenciais (doenças reumatológicas e musculoesqueléticas, hipotireoidismo, síndrome do intestino irritável, intolerância ao glúten e a lactose, doenças neurológicas, entre outros).
A American College of Rheumatology definiu em 2010 as ultimas diretrizes para o correto diagnóstico de fibromialgia. Critérios diagnósticos:
-Forma 1: Sintomas há mais de 3 meses, sem outras causas que expliquem a dor, com o “índice de dor generalizada” maior ou igual a 7, e o “escore de gravidade dos sintomas” maior ou igual a 5.
-Forma 2: Sintomas há mais de 3 meses, sem outras causas que expliquem a dor, com o “índice de dor generalizada” de 3 a 6, e o “escore de gravidade dos sintomas” maior ou igual a 9.
Tratamento
Paciente deve entender que a fibromialgia, ao grosso modo, é uma espécie de defeito neuroquímico de seu organismo. Deve compreender então que sua dedicação para atingir uma boa qualidade de vida lhe exigirá medidas constantes e vitalícias. O paciente tem que aceitar a sua condição e se sentir responsável pelos bons e maus resultados que obterá com as escolhas do seu estilo de vida.
Um paciente muito bem orientado e manejado com o tempo aprenderá sobre sua doença e identificará tudo aquilo que funciona para si mesmo, desde a escolha medicamentosa, até as terapias adjuvantes, as mudanças no seu estilo de vida, os fatores de piora e de melhora.
Enfim, o tratamento visa estimular a biodisponibilidade daqueles neurotransmissores deficientes, reduzir a transmissão dolorosa, estimular a via analgesica natural do paciente, e reduzir o estado pró inflamatório do paciente, sendo os medicamentos e terapias com maior nível de evidência científica:
Medicamentos:
-Analgésicos comuns, relaxantes musculares, tramadol.
-Algumas classes de antidepressivos e anticonvulsivantes.
-Canabidiol.
-Magnésio.
-Antioxidantes.
Procedimentos intervencionistas para dor:
-Infusões de lidocaína endovenosa (bloqueio simpatico endovenoso).
- Infiltração de pontos gatilhos, infiltrações entre planos musculares e também de nervos.
-TERAPIA POR ONDAS DE CHOQUE.
Atividade física:
-Exercícios de moderada intensidade aeróbicos associados a exercícios de fortalecimento muscular.
Atividades de relaxamento e mudança de estilo de vida:
-Cultivar sua sociabilidade e atividades ao ar livre, psicoterapia, massagem, yoga, meditação, acupuntura.
-Alimentação equilibrada, evitando alimentos pró inflamatórios.
*Texto originalmente escrito por Dra Karen Maro.