Por que sinto dor?

Tratamentos | 23/01/2023

Definição de dor


Definição de dor pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) de 2020: “A dor é uma experiência sensitiva e emocional aversiva associada, ou semelhante aquela associada, a lesão tecidual real ou potencial”, traduzindo em palavras mais simples: A dor é uma sensação ruim associada a uma lesão ou sem associação com lesão alguma!

Como assim? Vou tentar te explicar algo bem complexo!

Os seres vivos sentem dor como forma de proteção do nosso corpo. Se eu ponho a minha mão no fogo o sistema nervoso responsável pela sensibilidade da mão envia um sinal para o meu cérebro indicando dor naquela região, logo eu retiro a mão. Óbvio, certo?

Porém, vamos supor que uma pessoa é um chef de cozinha e ama o seu trabalho! E toda semana, há anos ela se queima sem querer encostando a mão ou o braço numa panela ou assadeira quente. E ela já nem sequer se importa mais com este estimulo doloroso. Essa sensação já se tornou habitual e sem importância para ela. Por vezes ela pode até suportar segurar uma assadeira muito quente e nem retira a mão porque a prioridade para ela passa a ser não querer derrubar a assadeira. Ela rapidamente desloca a assadeira para alguma mesa, segue o jogo, e esta tudo bem!

Em contra partida, um novo, e ranzinza, funcionário da cozinha se queima pela primeira vez. Ele sente uma dor excruciante, sente necessidade de tomar analgésicos fortes, passa dias colocando bolsa de gelo na lesão, nem consegue trabalhar.

A lesão do chef é muito mais extensa e ele me descreve que foi uma “dorzinha boba”. E a pequenina lesão do funcionário é descrita por ele como uma dor insuportável. Isso faz sentido?

Sentir dor nem sempre está de fato associado somente a simples fisiologia de transmissão dolorosa. Ela sempre será uma experiência pessoal pois envolve aspectos emocionais, psicológicos, culturais, que resultarão no comportamento doloroso do indivíduo.

Além desses aspectos relacionados a percepção individual da dor, há também os casos de transmissões dolorosas aberrantes!

Entenda a fisiologia da transmissão nervosa em palavras simples:

Eu corto meu dedo, ou seja, cortei varias células da pele as quais então liberam varias substâncias inflamatórias. Essas substâncias ativam algumas fibras do sistema nervoso sensitivo presentes ali na região. Essas fibras iniciam a transmissão do estimulo até a minha medula na coluna. A medula recebe este aviso e libera localmente mais outras substâncias de alarme que ativam novas fibras nervosas. Essas fibras sobem até o meu cérebro, gerando a minha percepção do que está acontecendo. Porém, a dor forte do corte no dedo durou somente alguns poucos minutos e parou, mas o corte continua ali, certo? Doendo agora só um pouquinho.

Acontece que enquanto essa transmissão dolorosa subia da minha medula em direção ao meu cérebro, uma série de fibras nervosas tentavam barrar essa transmissão. Está é a nossa via descendente inibitória da dor! Ela esta filtrando o estimulo doloroso, ativando receptores e liberando substancias naturais analgésicas.

Existem pessoas e também situações que geram uma liberação absurda e exagerada daquelas substancias inflamatórias com uma simples lesão. Ativam exageradamente muitas fibras sensitivas para transmitir o estimulo. A medula ativa uma quantidade absurda de receptores. E a via descendente inibitoria e analgésica não funciona direito.

Isso é defeito neuroquímico cientificamente comprovado presente por exemplo nas pessoas com fibromialgia: eles são transmissores aberrantes/exagerados/patológicos de dor. Isso também passa a acontecer em pacientes portadores de dores crônicas.

Nestes casos, observamos dois fenômenos típicos de transmissão dolorosa doentia:

-Hipersensibilidade: estímulos poucos dolorosos causando uma dor desproporcional, como por exemplo, quando paciente quase desmaia de dor só de apertar levemente a região dolorida, ou só de puncionarmos uma veia.

-Alodínea: estímulos que não são dolorosos causando dor, como por exemplo, quando o paciente refere que o toque da roupa na pele já gera dor.

 

Classificação da dor


-Dor aguda: experiência desagradável em resposta a um trauma ou inflamação em um local do nosso corpo. Geralmente o dano ao tecido é evidente e mensurável, sendo a duração da dor limitado à duração da lesão.

-Dor crônica: pode nem haver lesão, ou a dor nem sempre é proporcional ao dano tecidual. Ainda, a duração da dor pode exceder o período esperado para a cicatrização da lesão.


*Texto originalmente escrito por Dra Karen Maro.

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