Síndrome dolorosa complexa regional (SDCR)

Tratamentos | 26/01/2023

Definição


Uma das síndromes dolorosas mais difíceis de explicar ao paciente, e de diagnosticar em fases iniciais devido a sua fisiopatologia complexa!

Inicialmente entenda um conceito bem basico! Temos 3 tipos de nervos em todas os tecido do nosso corpo:

-Nervos sensitivos que transmitem todos os tipos de sensações, inclusive as sensações dolorosas.

-Nervos motores que transmitem comandos para realizarmos movimentos.

-Nervos autonômicos simpáticos e parassimpáticos, que geram os reflexos involuntários como arrepio dos pelos com o frio ou repulsa, vasoconstrição com o frio, vasodilatação com o calor, mudanças de temperatura da pele e de todo o corpo, mudanças do fluxo sanguíneo entre os tecidos, liberação de suor quando ficamos nervosos, abertura de pupila, peristaltismo intestinal, batimentos cardíacos, etc.

Na SDCR, em palavras simples, é como se, após uma situação de trauma local (sofreu um acidente, bateu e lesionou as estruturas nervosas daquele tecido), ou após situação prolongada de estresse emocional (ou seja, hiperativação do sistema nervoso simpatico, responsável pelo estresse), ocorresse uma alteração microcelular, uma deficiência dos nervos do sistema simpático daquela mesma região, que passam a gerar impulsos nervosos aberrantes, desorganizados, sem sentido, sofrendo modificações de sua função passando a transmitir dor!

Logo, a clínica do paciente geralmente é de queixa de dor difusa/mal localizada, contínua, tipo queimação, prensa ou peso, que em geral ocorre após um trauma (OU NÃO), com sintomas desproporcionais ao tipo e tempo da lesão. Mais comum ocorrer distalmente em membros (antebraços e mãos, pernas e pés), mas também pode ocorrer em outras regiões e órgãos internos.

Geralmente, há grande correlação com piora da dor em situações de estresse, ou seja, em situações de ativação do sistema nervoso simpático. E melhora da dor em situações de relaxamento, ou seja, em situações de desativação do sistema nervoso simpático.

Classificada em tipo 1 (SDCR I), quando não há história de lesão nervosa, e tipo 2 (SDCR II), quando há história de lesão nervosa.

 

Sintomas


Fase aguda (grau I): Dor difusa, contínua, tipo queimação, prensa ou peso, com pele vermelha, edemaciada, com aumento da temperatura, hipersensibilidade (estimulos pouco dolorosos causando muita dor) e alodínea (estimulos não dolorosos, como o toque da roupa, causando dor).

 

Fase distrófica (grau II): Geralmente após 3 a 6 meses do início dos sintomas. A dor se torna mais extensa pela região afetada, com pele pálida, fria, brilhante, com perda de pelos, unhas quebradiças, e limitação da movimentação.

 

Fase atrófica (grau III): Fase irreversível, podendo apresentar algum grau de melhora da intensidade da dor. Observa-se atrofia importante da pele e dos músculos, com pele azulada, fria, lisa, esticada, com aspecto de fibrose. Acompanha fibrose articular, contratura de tendões, osteoporose intensa e grande limitação da movimentação.

 

Diagnóstico

Não existem exames laboratoriais ou de exames de imagem específicos. O diagnóstico é feito através da história clínica e do exame fisico, após exclusão de outras causas, e com alivio da dor após realização do bloqueio teste do plexo nervo suspeito.

 

Tratamento


O tratamento visa além do alívio da dor, o retorno da funcionalidade normal daquele plexo nervoso corresponde a região, e assim, iniciarmos a reabilitação do paciente.

As modalidades de tratamento com maior nível de evidência científica são a associação de medicamentos e procedimentos para dessensibilizar/reverter aquela “hiper transmissão nervosa aberrante” para que o nervo volte a sua função normal.

Se mesmo com a otimização dos medicamentos e com os bloqueios repetidos não houver alívio satisfatório, podemos considerar realizar a neurólise desse plexo nervoso. A neurólise consiste em um procedimento que “queima/desativa” o nervo, podendo ser através de infiltração de substância neurolítica como o fenol, ou através de radiofrequência.

Os medicamentos com maior nível de evidência são algumas classes de antidepressivos e anticonvulsivantes, opioides, capsaicina e lidocaína tópicos, infusão endovenosa de lidocaína.

Os bloqueios de plexos nervosos simpáticos são grandes aliados para dessensibilização nervosa, podendo ser através de:

-Infusões endovenosas de lidocaína gerando ação sistêmica (bloqueio simpático endovenoso)

-Bloqueio ou neurólise direta no plexo simpático nervoso corresponde a região afetada:

Bloqueio do gânglio estrelado (membros superiores)

Bloqueio do gânglio torácico (membros superiores e toda região torácica)

Bloqueio do plexo celíaco e gânglios esplâncnicos (órgãos abdominais)

Bloqueio do plexo lombar (membros inferiores)

Bloqueio do plexo hipogástrico (órgãos pélvicos)

Bloqueio do gânglio ímpar (região do períneo e região distal dos órgãos pélvicos)


*Texto originalmente escrito por Dra Karen Maro.

Me chama no whats!
Me chama no whats!

Dra. Karen Maro

online

Agradeço pelo contato! O que deseja?

envia ao whatsapp